Um dia, a mulher foi à beira do rio lavar roupas e avistou nas margens das águas uma concha dourada, aproximou-se e, espantada, viu um belo menino recém-nascido dormindo tranquilo dentro daquele estranho objeto. Sem saber o que fazer, a mulher gritou pelo marido, pedindo-lhe que viesse ver o milagre que estava acontecendo... Os dois pegaram a criancinha nos braços, levaram para a casa onde moravam, alimentaram-no, vestiram-no e começaram a dedicar àquele filho inesperado um amor maior que o mundo. Deram-lhe o nome de Jorge.
Os anos passaram, Jorge tornou-se um belo rapaz, muito amoroso com os pais e querido por todos que habitavam o vilarejo onde se criara.
Certa manhã, banhando-se nas águas azuis e transparentes do rio, Jorge avistou um belíssima moça, cantando e sorrindo para ele. A paixão logo tomou conta do coração puro de Jorge. Todas as manhãs os dois se encontravam nas águas do rio, até que ela o convidou a ir com ela conhecer o lugar onde ela morava, co fundo do rio. Pensando que seria um passeio rápido, Jorge acompanhou a sua amada, sem se despedir dos pais.
Nadaram até chegarem a um lugar belíssimo, um reino de cristal, no qual a bela moça era a princesa, filha única do rei viúvo que desejava vê-la casada, dando um herdeiro para o trono. Jorge ficou fascinado com tudo que via a sua volta, casou-se com a jovem, tiveram um filho e viviam numa felicidade perfeita. Todavia, num belo dia, Jorge sentiu uma imensa saudade dos seus pais, desejou visitá-los e falou nisto à sua mulher.
-Você quer voltar? Vai deixar-me aqui com nosso filho?
-Querida, quero somente abraçá-los. Voltarei logo em seguida.
Ele teve permissão do rei para sair do reino e foi à superfície. Mal sabia a tristeza que o aguardava ao chegar à aldeia. Tudo estava mudado, a casa dos pais já não existia, ninguém sabia nada sobre o paradeiro dos dois, sequer os conheciam,. Procurou os amigos e parentes sem encontrá-los. Desesperado, Jorge procurou o padre capelão da igreja. Já não era o mesmo do seus tempos de juventude. Este, vendo os trajes à moda muito antiga de Jorge, perguntou-lhe:
-Meu filho, em que ano você partiu?
Ao ouvir a resposta, espantadíssimo o padre lhes disse: - Filho, passaram-se mais de 100 anos depois que você deixou a aldeia e seus pais. Morreram todos.
Muito triste, Jorge caminhou até o rio, começou a entrar nas águas límpidas, pensando em voltar para junto da mulher e do filhinho. Todavia, quando olhou para o espelho da água viu sua imagem refletida. Não se reconheceu. Havia envelhecido! Longe do espaço mágico do reino de cristal tornara-se um ancião centenário. Já não podia retornar. Os golfinhos que nadavam no rio, pegaram-no delicadamente e levaram-no para junto da sua família. Alí, ele despertou e descobriu que voltara a ser jovem, voltara a ter a sua família.
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