[Valid Atom 1.0] [Valid Atom 1.0] O Mundo Mágico da Fantasia Contos Infantis: julho 2012

Olá, amiguinhos!

24 de julho de 2012

As Princesas dançarinas, de Hans Christian Andersen


Era uma vez um rei que tinha doze filhas muito lindas. Elas dormiam em doze camas, todas no mesmo quarto; e quando iam para a cama, as portas do quarto eram trancadas a chave por fora. Pela manhã, porém, os seus sapatos apresentavam as solas gastas, como se tivessem dançado com eles toda a noite. Ninguém conseguia descobrir como acontecia aquilo, já que o quarto era sempre trancado. Então, o rei anunciou por todo o país que se alguém pudesse descobrir o segredo de suas filhas, do que faziam a noite para que seus sapatos ficassem tão gastos, casaria com aquela de quem mais gostasse e seria o seu herdeiro do trono. Mas aquele que se propusesse a descobrir o segredo e não o fizesse ao fim de três dias e três noites, seria morto.
Apresentou-se logo o filho de um rei. Foi muito bem recebido e à noite levaram-no para o quarto ao lado daquele onde as princesas dormiam. Ele tinha que ficar sentado para ver onde elas iam dançar e, para que nada acontecesse sem que ele ouvisse, deixaram-lhe aberta a porta do quarto. Mas o rapaz daí a pouco adormeceu; e, quando acordou de manhã, percebeu as solas dos sapatos das princesas cheias de buracos. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes e por isso o rei ordenou que lhe cortassem a cabeça. Depois dele vieram vários outros. Nenhum teve sorte, e perderam a vida da mesma maneira.
Certo dia um ex-soldado, que ferido em combate e já não era mais capaz de guerrear, chegou ao país. Um dia, ao atravessar uma floresta, encontrou uma velha, que lhe perguntou aonde ia.
- Quero descobrir onde é que as princesas dançam, e assim, mais tarde, vir a ser rei.
- Bem, disse a velha, – isso não custa muito. Basta que tenhas cuidado e não bebas do vinho que uma das princesas te trouxer à noite. Logo que ela se afastar, deves fingir estar dormindo profundamente. E, dando-lhe uma capa, acrescentou:
- Logo que puseres esta capa tornar-te-ás invisível e poderás seguir as princesas para onde quer que elas queiram ir. Quando o soldado ouviu estes conselhos, foi falar com o rei, que ordenou lhe fossem dados ricos trajes. Quando veio a noite, conduziram-no até o quarto de fora. Quando ia deitar-se, a mais velha das princesas trouxe-lhe uma taça de vinho, mas o soldado entornou-a toda nas plantas do umbral da janela sem que ela percebesse. Em seguida estendeu-se na cama, e pôs-se a ressonar como se estivesse dormindo.

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A Quebra Nozes


Era uma vez um rei e uma rainha, como os que reinavam em muitas nações. O rei tinha uma filha chamada Ana, e a rainha tinha outra chamada Catarina. Ana era muito mais bonita que a filha da rainha, mas gostavam uma da outra como verdadeiras irmãs. Sentindo inveja da filha do rei por ser mais bonita que a sua Catarina, a rainha procurou um meio de estragar a beleza dela. Assim, foi se aconselhar com a dona Galinha, que lhe disse para mandar a mocinha ir vê-la na manhã seguinte, de jejum.
Na manhã seguinte, bem cedo, a rainha disse a Ana:
“Vá, minha querida, até a dona Galinha, na ravina, e peça- lhe alguns ovos.” Lá se foi Ana, mas, vendo um pedaço de pão ao passar pela cozinha, pegou-o e foi mastigando pelo caminho afora.
Ao chegar à dona Galinha, pediu os ovos, como lhe haviam mandado fazer. A dona Galinha lhe disse: “Levante a tampa daquela panela ali e veja.” A mocinha obedeceu, mas não aconteceu nada. “Volte para sua mãe e diga-lhe para manter sua despensa bem trancada”, disse a dona Galinha. Assim ela voltou para casa e contou à rainha o que a galinha dissera. Com isso, a rainha soube que a mocinha tinha comido alguma coisa. Na manhã seguinte ficou muito atenta e despachou a princesa de jejum. Mas ela viu uns camponeses colhendo ervilhas à beira do caminho e, sendo muito gentil, falou com eles e pegou um punhado de ervilhas, que foi comendo pelo caminho
Quando chegou à dona Galinha, esta disse: “Levante tampa da panela e verá” Ana levantou a tampa do recipiente, mas nada aconteceu. Dona Galinha ficou terrivelmente zangada e disse a Ana: “Diga para sua mãe que a panela não vai ferver se o fogo estiver apagado.”Ana voltou para casa e contou isso à rainha.
 No terceiro dia a rainha foi pessoalmente com a menina até a dona Galinha. Ora, dessa vez, quando Ana levantou a tampa da panela, sua linda cabeça despencou e uma cabeça de ovelha pulou no seu pescoço.
Muito satisfeita, a rainha voltou para casa. Sua própria filha, Catarina, no entanto, pegou um fino pano de linho, envolveu com ele a cabeça da irmã e tomou-a pela mão. Assim partiram, em busca da sorte. Andaram, andaram e andaram até que chegaram a um castelo. Catarina bateu à porta e pediu pousada por uma noite para ela e uma irmã doente. Ao entrar, descobriram que era o castelo de um rei. Esse rei tinha dois filhos e um deles estava muito doente, à beira da morte, e ninguém conseguia descobrir qual era o seu mal. O curioso era que toda pessoa que o velava durante a noite desaparecia para nunca mais. Por isso o rei oferecera uma burra de prata a quem se dispusesse a ficar com ele. Ora, Catarina era uma menina muito corajosa, e se ofereceu para cuidar do principe.
Até a meia-noite, tudo correu bem. Quando as doze badaladas soaram, porém, o príncipe doente levantou-se, vestiu-se e se esgueirou escada abaixo. Catarina seguiu-o, mas ele não pareceu notar. O príncipe foi até o estábulo, selou seu cavalo, chamou seu cão de caça, pulou na sela e Catarina pulou lepidamente atrás.

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23 de julho de 2012

A Jóia Preciosa


Num longínquo reino de perfeição, um rei poderoso e justo tinha uma esposa e duas crianças maravilhosas, um filho e uma filha. E todos viviam em grande felicidade.
Um dia o pai chamou os filhos para junto de si e lhes disse:
– Chegou para vocês, como chega para todos, o momento em que deverão partir em direção a um outro mundo, a uma distância infinita. Lá vocês irão procurar uma jóia preciosa, e assim que a encontrarem voltarão, trazendo-a com vocês.
Cercados de grande segredo, os viajantes foram levados a uma nova e estranha terra, onde quase todos os habitantes viviam na obscuridade e na noite do seu sono. O choque foi tão grande que o irmão e a irmã se separaram, perderam progressivamente o contato entre eles, e logo esqueceram tudo sobre a sua origem. Como os demais habitantes daquele país, eles iam de um lado para outro, dormindo profundamente.
De tempos em tempos, sonolentos, viam sombras, miragens distantes do país de onde tinham vindo, ou então sonhavam com uma jóia. Mas na condição em que se encontravam eram incapazes de lembrar-se da realidade, e pouco a pouco foram tomando os sonhos por ilusões.
Quando o rei tomou conhecimento disso, considerou a difícil situação em que seus filhos se encontravam e decidiu mandar um servidor de confiança para ajudá-los.
Esse servidor era um sábio e levou-lhes uma mensagem:
"Lembrem-se da missão de vocês; acordem do sono em que submergiram e fiquem unidos."
Logo que ouviram a mensagem as duas crianças acordaram.
Graças à ajuda do guia enviado para libertá-las, elas puderam vencer os grandes perigos que ainda as separavam da jóia preciosa. Quando a encontraram as crianças voltaram para o reino da luz. E lá foram mais felizes do que antes, e para sempre.


21 de julho de 2012

A colina dos elfos, de Hans Christian Andersen.


Umas ágeis lagartixas correram pelas fendas do tronco de uma velha árvore. Entendiam-se muito bem, pois todas falavam a língua de lagartixa.
- Que barulheira tem havido lá na velha Colina dos Elfos! - disse uma delas - já lá vão duas noite que não prego olho, por causa do alarido lá em cima. Eu podia estar na cama com dor de dente, que dava na mesma: em tal situação também não consigo dormir.
- Há qualquer coisa lá dentro - disse outra lagartixa - ficam na Colina, onde se erguem os quatro pilares vermelhos, até a hora do galo cantar. Estão limpando tudo, e as jovens elfas aprenderam novos bailados. Preparam alguma coisa, na certa.
- Falei com uma minhoca de minhas relações - informou uma terceira lagartixa - ela vinha directamente da colina, onde cavara a terra noite e dia. Ouvira muita coisa, pois ela apenas ouve: não vê, não enxerga, a coitada. Só se vale mesmo do tacto, para ajudar a audição. Esperam visitantes na Colina, visitantes ilustres. Quem são, a minhoca não quis dizer. Ou simplesmente não sabia. Todos os fogos-fátuos foram convocados, para realizarem uma marcha de archores. Ouro e prata, que não faltam lá na colina, estão sendo polidos e postos a enxugar sob a luz da Lua.- Quem poderão ser esses visitantes? - perguntaram todas as lagartixas - o que irá haver por lá? ouçam: que zoada! Que burburinho!
Naquele momento abriu-se a Colina dos Elfos e saiu uma velha elfa solteirona, sem costas (segundo a mitologia escandinava, os elfos, embora muito graciosos e bonitos de frente, não têm costas: são ocos por trás), mas muito bem vestida, andando num passinho miúdo e rápido. Era a velha governanta do Rei dos Elfos. Tinha certo parentesco, embora remoto, com a família real, e trazia, como insígnia, um coração de âmbar na frente. Como andava depressa! Em seu passinho curto, as perninhas não paravam. Ela foi direto ao pântano, onde morava o Engole-Vento.
- O sr. está convidado a ir à Colina dos Elfos esta noite - disse ela - mas peço-lhe a gentileza de fazer-nos primeiro um grande serviço. Peço-lhe que se encarregue de distribuir os convites. Já que o sr. mesmo não tem casa, pode fazer-nos esse favor. Vamos receber visitas, gente muito nobre e ilustre, duendes de alta linhagem, e o velho Rei dos Elfos quer apresentar a todos eles o que há de melhor.
- Quem será convidado? - perguntou o Engole-Ventos. 
- Para o grande baile pode vir todo o mundo, até seres humanos, contanto que saibam falar dormindo ou conheçam um pouco de outras artes nossas. Mas, para a festa inicial, haverá rigorosa selecção: só queremos a fina flor da sociedade, o que há de mais aristocrático. Já discuti com o Rei, pois, a meu ver, nem mesmo os fantasmas devemos convidar. O Tritão e suas filhas devem ser convidados em primeiro lugar; não gostam de ficar no seco, mas poderão receber, cada um, uma pedra molhada para sentar, ou coisa ainda melhor. Espero que assim não se recusem a vir dessa vez. A seguir, devem ser convidados todos os velhos duendes de primeira categoria, os de cauda, o Homem do Ribeirão e os anões. Penso também que não podemos deixar de convidar o Porco do Sepulcro, o Cavalo da Morte e o Gnomo da Igreja (segundo a superstição popular, na Dinamarca, em baixo de cada igreja que é construída, deve ser sepultado um cavalo vivo; o fantasma deste cavalo é o Cavalo da Morte, que anda à noite, mancando, pois tem só três pernas, e vai às casas onde alguém está para morrer. Em algumas igrejas era enterrado um porco vivo, e o fantasma desse porco era chamado o Porco do Sepulcro). Eles pertencem ao clero, não são, na verdade, gente nossa, mas, enfim, têm o seu cargo. Além disso, sempre nos visitam. Logo, creio que devem ser lembrados.
- Croááá... - disse o Engole-Vento, que antes tinha os apelidos Noitibó e Curiango.
E saiu voando, para convidar o pessoal.
As moças elfas já dançavam na Colina. Bailavam com um xale longo, tecido de névoa e luar, o que é lindo para os olhos que apreciam coisa assim. No centro da Colina dos Elfos, o grande salão estava muito bem arrumado e enfeitado. O chão fora lavado com luar e as paredes polidas com unguento de feiticeira, o que as deixara brilhantes como pétalas de tulipa diante da luz. A cozinha estava abarrotada de iguarias finas - como rãs no espeto, peles de cobra-d'água, dedinhos de criança pequena, saladas de semente de chapéu-de-cobra, focinhos de camundongo molhados em cicuta, cerveja fabricada pela Bruxa do Charco, vinho cintilante de salitre das câmaras mortuárias subterrâneas, enfim: todos os manjares mais substanciais e deliciosos. Pregos enferrujados e cacos de vidraça de igreja figuravam entre as sobremesas.
O velho Rei dos Elfos mandou polir sua coroa de ouro com lápis de lousa. Era o lápis de um primeiro aluno da classe, coisa muito difícil de obter para o Rei dos Elfos. No dormitório penduravam cortinas e as prendiam com saliva de cobra-d'água. Havia, de fato, grade azafama, um interminável burburinho. 
- Agora é defumar tudo com crina e cerdas de porco queimadas, e creio que fiz minha parte - disse a velha elfa solteirona.

14 de julho de 2012

A Pequena Sereia, de Hans C. Andersen



Muito longe da terra, onde o mar é muito azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo tinha seis filhas, todas muito bonitas, e donas das vozes mais belas de todo o mar,porém a mais moça se destacava, com sua pele fina e delicada como uma pétala de rosa e os olhos azuis como o mar. Como as irmãs, não tinha pés mas sim uma cauda de peixe. Ela era uma sereia.
Essa princesa era a mais interessada nas histórias sobre o mundo de cima, e desejava poder ir à superfície; queria saber tudo sobre os navios, as cidades, as pessoas e os animais.
— Quando você tiver 15 anos — dizia a avó — subirá à superfície e poderá se sentar nos rochedos para ver o luar, os navios, as cidades e as florestas.
Os anos se passaram... Quando a princesa completou 15 anos mal pôde acreditar. Subiu até a superfície e viu o céu, o sol, as nuvens... viu também um navio e ficou muito curiosa. Foi nadando até se aproximar da grande embarcação. Viu, através dos vidros um príncipe que estava fazendo aniversário, ele não deveria ter mais de 16 anos, e a pequena sereia se apaixonou por ele.
A sereiazinha ficou horas admirando seu príncipe, e só despertou de seu devaneio quando o navio foi pego de surpresa por uma tempestade e começou a tombar. A menina viu o príncipe cair no mar e afundar, e se lembrou de que os homens não conseguem viver dentro da água. Mergulhou na sua direção e o pegou já desmaiado,levando-o para uma praia.
Ao amanhecer, o príncipe continuava desacordado. A sereia,vendo que um grupo de moças se aproximava, escondeu-se atrás da pedras, ocultando o rosto entre os flocos de espuma.
As moças viram o náufrago deitado na areia e foram buscar ajuda. Quando finalmente acordou, o príncipe não sabia como havia chegado àquela praia, e tampouco fazia idéia de quem o havia salvado do naufrágio.
A princesa voltou para o castelo muito triste e calada, e não respondia às perguntas de suas irmãs sobre sua primeira visita à superfície.
A sereia voltou várias vezes à praia onde tinha deixado o mais triste. Suas irmãs estavam muito preocupadas, e fizeram antas perguntas que ela acabou contando o que havia acontecido.
Uma das amigas de uma das princesas conhecia o príncipe e sabia onde ele morava. A pequena sereia se encheu de alegria, e ia nadar todos os dias na praia em que ficava seu palácio. Observava seu amado de longe e cada vez mais gostava dos seres humanos, desejando ardentemente viver entre eles.
A princesa, muito curiosa para conhecer melhor os humanos, perguntou a sua avó se eles também morriam.
— Sim, morrem como nós, e vivem menos. Nós podemos viver trezentos anos, e quando “desaparecemos” somos transformadas em espuma. Nossa alma não é imortal. Já os humanos têm uma alma que vive eternamente.
— Eu daria tudo para ter a alma imortal como os humanos! — suspirou a sereia.
— Se um homem vier a te amar profundamente, se ele concentrar em ti todos os seus pensamentos e todo o seu amor, e se deixar que um sacerdote ponha a sua mão direita na tua,alma se transferirá para o teu corpo. Ele te dará uma alma, sem perder a dele... Mas isso jamais acontecerá! Tua cauda de peixe,que para nós é um símbolo de beleza, é considerada uma deformidade na terra.
A sereiazinha suspirou, olhando tristemente para a sua cauda de peixe e desejando ter um par de pernas em seu lugar. Mas a menina não esquecia a idéia de ter uma alma imortal e resolveu procurar a bruxa do mar, famosa por tornar sonhos de jovens sereias em realidade... desde que elas pagassem um preço por isso.
O lugar onde a bruxa do mar morava era horrível, e a princesa precisou de muita coragem para chegar lá. A bruxa já a esperava, e foi logo dizendo:

Ali Babá e os quarenta ladrões...

Há muito, muito tempo, numa cidade lá para os lados do Oriente, vivia Ali Babá, que ganhava a vida comprando e vendendo coisas nas aldeias próximas à sua. Uma bela tarde, ao regressar a casa, viu uma longa caravana de quarenta homens carregados com grandes caixas, que as puseram no chão ao chegarem junto a uma rocha. Então, espantadíssimo, Ali Babá viu o chefe aproximar-se da parede rochosa e gritar:
- Abre-te Sésamo!
Como que por milagre abriu-se uma grande fenda na rocha e apareceu uma enorme gruta, no interior da qual os homens depositaram as caixas e saíram.
- Fecha-te Sésamo!- gritou o chefe.
A parede voltou a fechar-se e foram-se embora.
Quando Ali Babá viu que os homens já iam longe, correu para a grande rocha e gritou:
- Abre-te Sésamo!
Entrou na gruta e viu, espantado, que ela albergava um precioso tesouro, proveniente dos roubos que os homens vinham praticando nas cidades da região. Então carregou o que pode num saco e voltou para casa.
No dia seguinte, pedindo segredo, contou tudo ao seu irmão mais velho Kasim.
Logo que a noite caiu Kasim, sem dizer nada a ninguém, colocou os arreios e alguns sacos nas mulas e dirigiu-se à gruta, sonhando durante todo o percurso que era muito, mas mesmo muito rico.
Porém, quando tinha os sacos quase todos cheios, os ladrões regressaram para guardar mais coisas roubadas e, ao verem-no, pois não havia como esconder-se, condenaram-no a ficar fechado na gruta.
Preocupado com o desaparecimento do irmão, e lembrando-se da conversa que tivera, Ali Babá decidiu ir procurá-lo à gruta. Logo que entrou viu-o atado de pés e mãos, jogado a um canto. Desamarrou-o e foram-se embora correndo, por entre juras de nunca mais ali voltarem.
Porém, quando os ladrões regressaram à gruta e viram que o prisioneiro se tinha evadido, logo pensaram numa maneira de o apanharem e a quem o ajudou.
- Far-me-ei passar por mercador e irei bater de porta em porta em todas as cidades em redor. Porei um de vós em cada vasilha e encherei uma com azeite. - decidiu o chefe dos ladrões.
E lá foram de cidade em cidade, consoante o plano que tinha forjado, até que chegou a casa de Kasim e o reconheceu. De imediato lhe pediu alojamento, ao que este anuiu, sem desconfiar de nada.
Mas durante o jantar a criada Frahazada, ao passar junto das vasilhas, ouviu os ladrões a cochicharem:
- Estejam preparados, aproxima-se o momento de os agarrarmos!
Frahazada correu a contar a Ali Babá a estranha coisa que tinha ouvido. Resolveram então ferver um alguidar de azeite e despejá-lo em cada pote aonde se escondiam os malvados ladrões. Estes fugiram aterrorizados, com excepção do chefe, que foi preso e entregue aos guardas do rei.
Kasim, agradecido, comprometeu-se a dar metade da sua fortuna ao irmão.
- Agradeço-te, mas apenas quero 1/4 para mim. O restante pertence a Frahazada, com quem me vou casar!

( Histórias de As mil e uma noites)

11 de julho de 2012

A Bela Adormecida, de Charles Perrault

Há muito tempo, viviam um rei e uma rainha que todos os dias diziam: “Ah, se nós tivéssemos uma criança!”, e nunca conseguiam uma. Aí aconteceu que, uma vez em que a rainha estava se banhando, um sapo rastejou para fora da água e lhe disse “Seu desejo será realizado; antes que se passe um ano, você dará à luz uma menina”. Aquilo que o sapo dissera aconteceu, e a rainha teve uma menina que era tão formosa que o rei mal se continha de felicidade, e preparou uma grande festa. Ele não apenas convidou seus parentes, amigos e conhecidos, como também as fadas, a fim de obter suas boas graças para a criança. Havia treze delas em seu reino, mas como ele só possuía doze pratos de ouro, nos quais elas poderiam comer, uma delas teria de ficar em casa. A festa foi celebrada com toda a pompa e, quando chegou ao fim, as fadas presentearam a criança com dotes mágicos: uma com a virtude, outra com a formosura, a terceira com riqueza, e assim com tudo o que há de desejável no mundo. Quando onze já tinham falado, entrou de repente a décima terceira. Ela queria se vingar por não ter sido convidada e, sem cumprimentar ou mesmo olhar para quem quer que seja, exclamou aos brados: “A princesa deverá espetar-se em um fuso quando tiver quinze anos, e cair morta.” E sem dizer mais nada, virou as costas e deixou o salão. Todos estavam assustados, e então se adiantou a décima segunda, que ainda não tinha feito seu desejo, e como não podia anular a maldição, mas apenas abrandá-la, ela disse: “A princesa não morrerá, apenas cairá em um sono profundo que durará cem anos.”
O rei, que queria salvar sua querida criança do infortúnio, ordenou que todos os fusos do reino inteiro fossem queimados. Na menina, entretanto, realizaram-se plenamente todos os dons das fadas, pois ela era tão bela, educada, gentil e sensata que todos que a viam não podiam deixar de gostar dela. Sucedeu que, justamente no dia em que ela completava quinze anos, o rei e a rainha não estavam em casa, e a menina estava sozinha no castelo. Ela andou então por todos os cantos, examinou à vontade aposentos e câmaras, e finalmente chegou até uma velha torre. Subiu a estreita escada em espiral e deparou-se com uma pequena porta. Na fechadura havia uma chave enferrujada e, quando ela a girou, a porta se abriu de um só golpe e lá, em um quartinho, estava sentada uma velha com um fuso, fiando diligentemente seu linho. “Bom dia, velha mãezinha”, disse a princesa, “o que você está fazendo aí?” “Eu estou fiando,” disse a velha, e balançou a cabeça. “O que é isto, que pula tão alegremente?” perguntou a menina, e pegou o fuso querendo também fiar. Mal ela tinha tocado o fuso, a maldição se realizou, e ela espetou-se no dedo.
Mas, no mesmo instante em que foi picada, ela caiu na cama que ali estava, e foi tomada de um profundo sono. E este sono estendeu-se por todo o castelo: o rei e a rainha, que tinham acabado de chegar e entrado no salão, começaram a dormir, e com eles toda a Corte. Dormiram então também os cavalos no estábulo, os cachorros no pátio, as pombas no telhado, as moscas na parede, e até o fogo, que chamejava no fogão, ficou imóvel e adormeceu, e o assado parou de crepitar, e o cozinheiro, que queria puxar seu ajudante pelos cabelos porque ele havia feito uma coisa errada, soltou o menino e dormiu. E o vento assentou-se, e nas árvores defronte ao castelo nem uma folhinha se movia.
Ao redor do castelo começou porém a crescer uma cerca de espinhos, que a cada ano ficava mais alta e que, por fim, estendeu-se em volta de todo o castelo e cobriu-o de tal forma que nada mais se podia ver dele, nem mesmo a bandeira sobre o telhado. Começou então a correr no país a lenda da bela adormecida, pois assim era chamada a princesa, de modo que de tempos em tempos chegavam príncipes que tentavam penetrar no castelo através da cerca viva. Mas nenhum deles conseguiu, pois os espinhos estavam tão entrelaçados como se tivessem mãos, e os jovens ficavam presos neles e não conseguiam se soltar, sofrendo uma morte lastimável. Depois de muitos anos, chegou mais uma vez um príncipe ao reino e ouviu quando um velho contava da cerca de espinhos, e que havia um castelo atrás dela, no qual uma linda princesa, chamada Bela Adormecida, já dormia há cem anos, e com ela dormia o rei e a rainha e toda a corte. Ele também sabia pelo seu avô que muitos príncipes já haviam vindo e tentado penetrar pela cerca viva de espinhos, mas haviam ficado presos nela e morrido tristemente. O jovem então disse: “Eu não tenho medo, eu quero ir lá e ver a Bela Adormecida.” O bom velho tentou dissuadi-lo de todos os modos, mas ele não deu ouvidos às suas palavras.
Mas agora os cem anos tinham justamente acabado de transcorrer, e havia chegado o dia em que Bela Adormecida deveria acordar. Quando o príncipe se aproximou da cerca de espinhos, estes não eram agora mais do que flores grandes e bonitas que por si sós se abriram e o deixaram passar ileso, e se fecharam atrás dele, formando novamente uma cerca. No pátio do castelo ele viu os cavalos e os cães de caça malhados deitados e dormindo, no telhado estavam pousadas as pombas, e tinham a cabecinha metida debaixo da asa. E quando ele entrou na casa, as moscas dormiam na parede, o cozinheiro na cozinha ainda levantava a mão como se quisesse agarrar o menino, e a criada estava sentada diante da galinha preta que deveria ser depenada.
Ele então continuou andando, e avistou no salão toda a corte deitada e dormindo, e lá em cima, perto do trono, estavam deitados o rei e a rainha. Aí ele continuou andando ainda mais, e tudo estava tão quieto que se podia ouvir sua respiração, e chegou finalmente à torre e abriu a porta do quartinho, no qual Bela Adormecida dormia. Lá estava ela deitada, e era tão bela que ele não conseguia desviar os olhos, e ele se inclinou e beijou-a. Quando ele a tinha tocado com os lábios, Bela Adormecida abriu os olhos, acordou e olhou para ele amavelmente. Então os dois desceram, e o rei acordou, e a rainha e toda a corte, e se olharam espantados. E os cavalos no pátio se levantaram e se sacudiram; os cães de caça pularam e abanaram suas caudas; as pombas no telhado tiraram a cabecinha de sob a asa, olharam ao redor e voaram para o campo; as moscas nas paredes recomeçaram a rastejar; o fogo na cozinha levantou-se, chamejou e cozinhou a comida; o assado voltou a crepitar; e o cozinheiro deu um tamanho tabefe no menino que este gritou; e a criada terminou de depenar a galinha. E aí foram festejadas com todas as pompas as bodas do príncipe com a Bela Adormecida, e eles viveram felizes até o fim.


8 de julho de 2012

CINDERELA, conto de Charles Perrault

Era uma vez um nobre que se casou pela segunda vez com uma mulher que tinha um temperamento terrível, era orgulhosa, vaidosa e arrogante. Tinha duas filhas tão orgulhosas e de mau gênio quanto a mãe. O nobre, por sua vez tinha uma linda filha que era a própria doçura e bondade. Cinderela era seu nome, ela herdara a beleza deslumbrante e o temperamento gentil de sua mãe.
Logo após o casamento a madrasta pôs a mostra o seu mau gênio. Detestava as qualidades da enteada, que faziam suas filhas parecerem ainda mais detestáveis. Incumbiu-lhe dos serviços mais pesados e grosseiros da casa. Era ela ainda menina que lavava toda louça e a roupa da casa, e as escadarias, e ainda limpava e arrumava os quartos. Seu quarto, na casa em que outrora era toda sua, agora era o sótão, enquanto sua madrasta e irmãs dormiam em quartos luxuosos, atapetados, ricamente decorados e com amplos espelhos, onde passavam horas se olhando, alimentando a sua vaidade.
Cinderela suportava tudo com paciência. Não se queixava com o pai que mais parecia estar enfeitiçado pela nova esposa. Todos os dias após terminar seu trabalho ela se sentava junto à lareira, no meio às cinzas, por isso todos a chamavam de Gata borralheira. Entretanto, apesar das roupas luxuosas das filhas da madrasta, Cinderela que usava quase trapos era evidentemente muito mais bonita do que elas.
Certo dia o filho do rei, o príncipe resolveu dar um baile e convidar todas as pessoas importantes do reino, e a família da Gata Borralheira por ser da nobreza estava incluída. As irmãs ficaram eufóricas, ocupadíssimas, passavam todas as suas horas a escolher roupas, sapatos, jóias e penteados com que iriam ao baile. O que significava mais e mais trabalho para Cinderela que além de seu trabalho habitual tinha que lavar e passar toneladas de vestidos saias cheios de babados.
“Acho que vou usar meu vestido de veludo azul com gola de renda inglesa”, dizia a mais velha.
“Vou usar minha saia bordô com meu mantô de flores douradas e meu broche de diamantes”, dizia a segunda.
Fizeram vir o melhor cabeleireiro da região para que ficasse totalmente a disposição delas, fazendo os penteados mais rebuscados, mas quanto mais tentavam ser elegantes mais sua feiúra era ressaltada. A toda hora chamavam Cinderela para dar opinião, pois sabiam que era educada e tinha bom gosto. Cinderela, de boa vontade deu os melhores sugestões, e elas lhe perguntaram: “Cinderela, você gostaria de ir conosco ao baile?”
“Pobre de mim! Nem tenho o que vestir. Vocês estão é zombando de mim”.
“Tem razão, todos dariam boas risadas se vissem uma Gata Borralheira entrando no baile!”.
Cinderela, entretanto era muito bondosa, e não se ofendia, ajudando no que podia para que elas ficassem com o melhor aspecto possível. As irmãs, que estavam bem gordas, ficaram quase dois dias sem comer tentando emagrecer um pouquinho. Arrebentaram mais de uma dúzia de corpetes de tanto apertá-los na tentativa de afinar a cintura, e passavam os dias em frente ao espelho.
Finalmente chegou o grande dia. Elas começaram a se arrumar desde as primeiras horas da manhã e quando chegou a hora, partiram. Cinderela ficou vendo-as se afastar e começou a chorar.
Sua madrinha chegou, viu-a nesse estado e perguntou por que chorava:
“Eu gostaria tanto e ir ao baile” e caiu novamente em prantos. O que Cinderela não sabia é que sua madrinha era uma fada, e a madrinha disse: “Você gostaria muito de ir ao baile, não é minha filha?”.
“Eu adoraria”, disse Cinderela, suspirando profundamente.

RAPUNZEL, conto dos Irmãos Grimm

Era uma vez um lenhador que vivia feliz com sua esposa. Os dois estavam muito contentes porque a mulher estava grávida do primeiro filho do casal. Ao lado da casa do lenhador morava um bruxa muito egoísta.
Ela nunca dava nada para ninguém. O quintal de sua casa era enorme e tinha um pomar e uma horta cheios de frutas e legumes saborosos, mas a bruxa construiu um muro bem alto cercando seu quintal, para ninguém ver o que tinha lá dentro!
Na casa do lenhador havia uma janela que se abria para o lado da casa da bruxa, e sua esposa ficava horas ali olhando para os rabanetes da horta, cheia de vontade...
Um dia a mulher ficou doente. Não conseguia comer nada que seu marido lhe preparava. Só pensava nos rabanetes...
O lenhador ficou preocupado com a doença de sua mulher resolveu ir buscar os rabanetes para a esposa. Esperou anoitecer, pulou o muro do quintal da bruxa e pegou um punhado deles. Os rabanetes estavam tão apetitosos que a mulher quis comer mais. O homem teve que voltar várias noites ao quintal da bruxa pois, graças aos rabanetes, a mulher estava quase curada.
Uma noite, enquanto o lenhador colhia os rabanetes, a velha bruxa surgiu diante dele cercada por seus corvos.
— Olhem só! — disse a velhota — Agora sabemos quem está roubando meus rabanetes!
O homem tentou se explicar, mas a bruxa já sabia de tudo exigiu em troca dos rabanetes a criança que ia nascer.
O pobre lenhador ficou tão apavorado que não conseguiu dizer não para a bruxa. Pouco tempo depois, nasceu uma linda menina. O lenhador sua mulher estavam muito felizes e cuidavam da criança com todo o
carinho.
Mas a bruxa veio buscar a menina. Os pais choraram imploraram para ficar com a criança, mas não adiantou. A malvada levou e lhe deu o nome de Rapunzel.
Passaram-se os anos. Rapunzel cresceu e ficou muito linda. bruxa penteava seus longos cabelos em duas traças, e pensava:
“Rapunzel está cada vez mais bonita! Vou prendê-la numa torre da floresta, sem porta e com apenas uma janela, bem alta, para que ninguém a roube de mim, e usarei suas tranças como escada. E assim aconteceu. Rapunzel, presa na torre, passava os diaa trançando o cabelo e cantando com seus amigos passarinhos.
Todas as vezes que a bruxa queria visitá-la ia até a torre e gritava:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
A menina jogava as tranças e a bruxa as usava para escalar a torre.
Um dia passou por ali um príncipe que ouviu Rapunzel cantarolando algumas canções. Ele ficou muito curioso para saber de quem era aquela linda voz. Caminhou as redor da torre percebeu que não tinha nenhuma entrada, e que a pessoa que cantava estava presa.
O príncipe ouviu um barulho e se escondeu, mas pôde ver velha bruxa gritando sob a janela:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
O príncipe, então, descobriu o segredo. Na noite seguinte foi até a torre e imitou a voz da bruxa:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
Rapunzel obedeceu o chamado, mas assustou-se ao ver o príncipe entrar pela janela.
— Oh! Quem é você? — perguntou Rapunzel. O príncipe contou o que acontecera e declarou seu amor por Rapunzel. Ela aceitou se encontrar com ele, mas pediu que os encontros fossem às escondidas, pois a bruxa era muito ciumenta.
Os dois passaram a se ver todos os dias, até que Rapunzel, muito distraída, disse um dia para a bruxa:
— Puxa, a senhora é bem mais pesada que o príncipe!
A bruxa descobriu os encontros da menina com o príncipe e cortou suas tranças. Chamou seus corvos e ordenou que levassem Rapunzel para o deserto para que ela vivesse sozinha.
O príncipe, que não sabia de nada, foi visitar Rapunzel. A bruxa segurou as tranças da menina e as jogou para baixo. Quando ele chegou na janela, a bruxa o recebeu com uma risada macabra largou as tranças. Ele despencou, caindo sobre uma roseira. espinhos furaram seus olhos, e ele ficou cego. Mesmo assim, o príncipe foi procurar sua amada Rapunzel,tateando e gritando seu nome. Andou por dias, até chegar ao deserto. Rapunzel ouviu o príncipe chamar por ela e correu ao seu encontro. Quando descobriu que o príncipe estava cego começou a chorar. Duas lágrimas caíra dentro dos olhos do rapaz e ele voltou a enxergar!
Assim, os dois jovens foram para o palácio do príncipe, se casaram e viveram felizes. Os pais de Rapunzel foram morar no palácio e a bruxa egoísta ficou com tanta raiva que se trancou torre e nunca mais saiu de lá.