[Valid Atom 1.0] [Valid Atom 1.0] O Mundo Mágico da Fantasia Contos Infantis: 2015

Olá, amiguinhos!

19 de dezembro de 2015

Os trinta camelos - Malba Tahan


Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventura digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista.
Encontramos, perto de um antigo caravançará meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios, gritavam possessos, furiosos:
— Não pode ser!
— Isto é um roubo
— Não aceito!
O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.
— Somos irmãos — esclareceu o mais velho — e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo eu receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos. A cada partilha proposta, segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio! Como fazer a partilha, se a terça parte e a nona parte de 35 também não são exatas?
— É muito simples — atalhou o “homem que calculava”. — Encarregar-me-ei de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal, que em boa hora aqui nos trouxe. Neste ponto, procurei intervir na questão:
— Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem, se ficássemos sem o nosso camelo?
— Não te preocupes com o resultado, ó “bagdali”! — replicou-me, em voz baixa, Beremiz. — Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás, no fim, a que conclusão quero chegar.
Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo Jamal, que imediatamente foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros.
— Vou, meus amigos — disse ele, dirigindo-se aos três irmãos — fazer a divisão justa e exata dos camelos, que são agora, como vêem, em número de 36. E voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
— Deves receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, ou seja, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão.
Dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
— E tu, Hamed Namir, devias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.
E disse, por fim, ao mais moço:
— E tu, jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, devias receber uma nona parte de 35, isto é, 3 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado. Numa voz pausada e clara, concluiu:
— Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir — partilha em que todos os três saíram lucrando — couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um total de 34 camelos. Dos 36 camelos sobraram, portanto, dois. Um pertence, como sabem, ao “bagdali” meu amigo e companheiro; outro, por direito, a mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança.
— Sois inteligente, ó estrangeiro! — confessou, com admiração e respeito, o mais velho dos três irmãos.
— Aceitamos a vossa partilha, na certeza de que foi feita com justiça e eqüidade.
E o astucioso Beremiz — o “homem que calculava” — tomou logo posse de um dos mais belos camelos do grupo, e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:
— Poderás agora, meu amigo, continuar a viagem no teu camelo manso e seguro. Tenho outro, especialmente para mim.
E continuamos a nossa jornada para Bagdá.
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(Malba Tahan, Seleções - Os melhores contos – Conquista, Rio, 1963)


21 de novembro de 2015

A Estrelinha Verde


Haviam milhões de estrelas no céu. Estrelas de todas as cores: brancas, prateadas, verdes, douradas, vermelhas e azuis.
Um dia, elas procuraram Deus e lhe disseram:- Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra entre os homens.
- Assim será feito, respondeu o Senhor. Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas e podem descer para a Terra.

Conta-se que, naquela noite, houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam nas torres das igrejas, outras foram brincar de correr com os vaga-lumes nos campos; outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada.
Porém, passando o tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar para o céu, deixando a Terra escura e triste.

- Por que voltaram? Perguntou Deus, a medida que elas chegavam ao céu.
- Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria e violência, muita maldade, muita injustiça…
E o Senhor lhes disse:
- Claro! O lugar de vocês é aqui no céu. A Terra é o lugar do transitório, daquilo que passa, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, nada é perfeito. O céu é lugar da perfeição, do imutável, do eterno, onde nada perece.
Depois que chegaram todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo:
- Mas está faltando uma estrela. Perdeu-se no caminho?
Um anjo que estava perto retrucou:
- Não Senhor, uma estrela resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe a imperfeição, onde há limite, onde as coisas não vão bem, onde há luta e dor.
- Mas que estrela é essa? – voltou Deus a perguntar.
- É a Esperança, Senhor. A estrela verde. A única estrela dessa cor.
E quando olharam para a Terra, a estrela não estava só. A Terra estava novamente iluminada porque havia uma estrela verde no coração de cada pessoa.
Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a Esperança.
Deus já conhece o futuro, e a Esperança é própria da pessoa humana, própria daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que não sabe como será o futuro.

Tenha a estrelinha verde em seu coração, a esperança, e não deixe que ela fuja ou se apague, ela iluminará seu caminho!


7 de novembro de 2015

Ali Babá e os quarenta ladrões

Há muito, muito tempo, numa cidade lá para os lados do Oriente, vivia Ali Babá, que ganhava a vida comprando e vendendo coisas nas aldeias próximas à sua. Uma bela tarde, ao regressar a casa, viu uma longa caravana de quarenta homens carregados com grandes caixas, que as puseram no chão ao chegarem junto a uma rocha. Então, espantadíssimo, Ali Babá viu o chefe aproximar-se da parede rochosa e gritar:
- Abre-te Sésamo!
Como que por milagre abriu-se uma grande fenda na rocha e apareceu uma enorme gruta, no interior da qual os homens depositaram as caixas e saíram.
- Fecha-te Sésamo!- gritou o chefe.
A parede voltou a fechar-se e foram-se embora.
Quando Ali Babá viu que os homens já iam longe, correu para a grande rocha e gritou:
- Abre-te Sésamo!
Entrou na gruta e viu, espantado, que ela albergava um precioso tesouro, proveniente dos roubos que os homens vinham praticando nas cidades da região. Então carregou o que pode num saco e voltou para casa.
No dia seguinte, pedindo segredo, contou tudo ao seu irmão mais velho Kasim.
Logo que a noite caiu Kasim, sem dizer nada a ninguém, colocou os arreios e alguns sacos nas mulas e dirigiu-se à gruta, sonhando durante todo o percurso que era muito, mas mesmo muito rico.
Porém, quando tinha os sacos quase todos cheios, os ladrões regressaram para guardar mais coisas roubadas e, ao verem-no, pois não havia como esconder-se, condenaram-no a ficar fechado na gruta.
Preocupado com o desaparecimento do irmão, e lembrando-se da conversa que tivera, Ali Babá decidiu ir procurá-lo à gruta. Logo que entrou viu-o atado de pés e mãos, jogado a um canto. Desamarrou-o e foram-se embora correndo, por entre juras de nunca mais ali voltarem.
Porém, quando os ladrões regressaram à gruta e viram que o prisioneiro se tinha evadido, logo pensaram numa maneira de o apanharem e a quem o ajudou.
- Far-me-ei passar por mercador e irei bater de porta em porta em todas as cidades em redor. Porei um de vós em cada vasilha e encherei uma com azeite. - decidiu o chefe dos ladrões.
E lá foram de cidade em cidade, consoante o plano que tinha forjado, até que chegou a casa de Kasim e o reconheceu. De imediato lhe pediu alojamento, ao que este anuiu, sem desconfiar de nada.
Mas durante o jantar a criada Frahazada, ao passar junto das vasilhas, ouviu os ladrões a cochicharem:
- Estejam preparados, aproxima-se o momento de os agarrarmos!
Frahazada correu a contar a Ali Babá a estranha coisa que tinha ouvido. Resolveram então ferver um alguidar de azeite e despejá-lo em cada pote aonde se escondiam os malvados ladrões. Estes fugiram aterrorizados, com excepção do chefe, que foi preso e entregue aos guardas do rei.
Kasim, agradecido, comprometeu-se a dar metade da sua fortuna ao irmão.
- Agradeço-te, mas apenas quero 1/4 para mim. O restante pertence a Frahazada, com quem me vou casar!

( Histórias de As mil e uma noites)

10 de janeiro de 2015

O Gosto da Bruxa


Era uma vez uma menina que estava presa na torre mais alta de um castelo.
Ela era uma princesa, mas não lhe valia de nada, porque perdera os seus pais e o reino, numa guerra que o dono do castelo, já se vê, é que ganhara.
Ainda era o tempo das fadas. Por isso a menina disse, para que as paredes ouvissem:
— Se uma fada me salvasse, fosse boa, má ou assim-assim, eu repartia a meias com ela o tesouro do meu perdido reino, que só eu sei onde está enterrado.
As paredes toda a gente diz que têm ouvidos. Estas ouviram, passaram palavra e daí a nada uma velha fada apareceu na sala.
— Vou dar volta à tua vida — disse a fada.
— És uma fada boa? — Perguntou a menina.
— Nem por isso — respondeu a fada.
Era uma fada assim-assim e para provar que não era das melhores, mas também não era das piores, impôs, à partida, uma condição. Salvava a menina, mas, antes, ela tinha de adivinhar-lhe o nome. E avisou logo que não tinha um nome muito mimoso.
— Serafina — disse a menina.
Nem pensar. Não era Serafina nem Leopoldina nem Marcolina. Nem Eufrásia nem Tomásia. Nem Quitéria nem Pulquéria. Nem Aniceta nem Eustáquia nem Teodósia nem Venância nem Bonifácia nem Gregória. Nem sequer Capitolina.
A princesa esgotou os nomes mais esquisitos que conhecia. E a fada sempre com a cabeça a dizer que não. Até que propôs o seguinte negócio:
— Salvo-te, mesmo que não descubras o meu nome, mas fico com o tesouro só para mim. Todinho!
A menina concordou. Não tinha outro remédio. Vai daí a fada pronunciou umas palavras mágicas e ela e a princesa atravessaram as paredes da prisão.
Uma vez em liberdade, a princesa ensinou o local onde estava escondido o tesouro e pronto, a história acaba aqui.
E o nome da fada-bruxa?
Também a menina quis saber.
— Chamo-me Joaninha — respondeu a fada-bruxa, baixando os olhos, envergonhada.
— Mas Joaninha é um nome bonito — estranhou a princesa.
— Eu não acho — disse ela. — Gostava mais de ser Virgolina Zebedeia.
Vá lá a gente entender o gosto das bruxas.

Autor desconhecido


5 de janeiro de 2015

O peixinho que descobriu o mar


Cristóbal nasceu num aquário. O mundo dele resumia-se a um pouco de água entre quatro paredes de vidro, alguma areia, pedras, uma miniatura de caravela em madeira e uma tartaruga, cujo nome era Alice.
Alice, que vivera em outros lugares, contava para Cristóbal suas aventuras no mar, foi ai que Cristóbal iniciou seu projeto em busca da liberdade.
Cristóbal tentou sair de qualquer jeito, mas não conseguiu. De repente Alice acordou e viu, Cristóbal tentando sair. Então ela perguntou:
- Porque você está tentando sair de dentro do aquário?
- Porque eu queria explorar coisas novas, como as histórias que você estava me contando! – Respondeu Cristóbal.
Alice ficou triste pois não queria dizer que se ele saísse do aquário, ele não conseguiria sobreviver fora da água. Mas ele não queria desapontá-lo.
O peixinho sonhava toda a noite com o mar. Numa certa noite apareceu a gata Verônica, querendo comê-lo. Mas ele era muito escorregadio. Por esse motivo a Verônica não conseguiu comer o Cristóbal.
Então num certo dia ele conheceu Jucá, um pelicano que morava por perto. Alice só ficou ouvindo o plano dele, e as tentativas que ele fez para sair do seu aquário e conhecer o mar.
Por isso Jucá disse:
- Eu já conheci o mar! É muito bonito! Aposto que você iria adorar. Mas como você não consegue sair do aquário, eu acho que nunca conseguirá.
- Já sei, se você me tirar com o seu bico e me levar até o mar. Depois você leva a Alice! – Disse Cristóbal.
Alice e Jucá concordaram.
Jucá levou Cristóbal e Alice conhecer o mar. Os dois adoraram. Eles queriam ficar lá para sempre. Mas não queriam que a Ama ficasse triste.
Então decidiram voltar para casa.
No outro dia Jucá perguntou a eles, se queriam visitar o mar novamente. Eles aceitaram. E assim jucá perguntou:
- Se vocês quiserem posso levá-los todos os dias para o mar.
Os dois ficaram felizes pela proposta de Jucá. E assim fizeram novos amigos. E todos ficaram contentes.

Autora: Larissa Drechsler