[Valid Atom 1.0] [Valid Atom 1.0] O Mundo Mágico da Fantasia Contos Infantis: novembro 2012

Olá, amiguinhos!

25 de novembro de 2012

Os Cisnes Selvagens

Era uma vez um rei que tinha doze filhos: onze rapazes e uma menina chamada Elisa. Eram crianças felizes. Passavam os seus dias a brincar no parque do castelo e na escola usavam lápis de diamante e quadros de ouro.
Um dia a mãe morreu e, pouco tempo depois, o pai decidiu voltar a casar. A nova mulher tinha muitos ciúmes dos enteados e, tantas maldades fez, que conseguiu afastá-los do castelo. Elisa foi entregue a uma família de camponeses. Quanto aos rapazes, a madrasta lançou-lhes um feitiço que os transformava em cisnes de cada vez que o Sol nascia: só de noite voltavam a ser o que eram.
Elisa era muito infeliz e, muitas vezes, enquanto passeava no bosque, lamentava-se: “Oh, se eu pudesse voltar a ver os meus irmãos!”
Um dia uma velhinha ouviu-a e teve pena dela.
“Acho que te posso ajudar”, disse ela, “tenho visto onze cisnes brancos com coroas de ouro que vêm pousar à beira-mar, todas as noites.”
Elisa caminhou imediatamente para a praia na esperança de encontrar os seus irmãos. Quando chegou já era noite! À luz da Lua viu onze rapazes: eram os seus adorados irmãos! Deram muitos abraços uns aos outros e durante toda a noite houve alegria, mas de madrugada tiveram de se separar. “Adeus irmãzinha”, disseram eles, “promete que vais voltar!”.
Elisa queria ajudá-los, mas como? Uma noite a velhinha apareceu-lhe num sonho. “Se queres salvar os teus irmãos”, disse-lhe, “terás de apanhar com as tuas mãos tantas urtigas quantas conseguires e pisá-las com os pés descalços. Depois deves tecê-las e cozer onze túnicas, que irás lançar aos teus irmãos.
Verás que o feitiço se quebrará! Mas lembra-te, não poderás falar enquanto não terminares a tua tarefa!”
Mal acordou, Elisa meteu mãos à obra. Começou a colher urtigas com as suas delicadas mãos e a pisá-las com os pés. Não parou nem por um momento, mesmo quando a pele lhe ardia muito.
Durante dias e dias trabalhou em silêncio, resistindo às perguntas de um belo príncipe que por ali passou e queria a todo o custo levá-la consigo para o seu palácio!
Quando finalmente as onze túnicas ficaram prontas, Elisa regressou à praia. Esperou que os cisnes chegassem e lançou-lhes as túnicas. Num abrir e fechar de olhos, apareceram os seus onze irmãos no lugar dos cisnes.
Estavam todos muito felizes. Mas Elisa ficou ainda mais contente quando o príncipe voltou a procurá-la. Desta vez, Elisa contou-lhe a sua história. O príncipe ficou tão comovido com a sua bondade que lhe jurou amor eterno. Assim, casaram e viveram felizes para sempre!

10 de novembro de 2012

A Menina dos Sapatinhos Vermelhos


Na igreja a menina observava os pés das meninas. Apenas os pés. Não se importava com os vestidos com estampas miúdas de flores e nem com os vestidos com fitas coloridas. Tampouco prestava atenção nas borboletas delicadas aplicadas com cuidado sobre o algodão. Nem ligava para as casinhas de abelhas demoradamente e caprichadamente feitas sobre o que cobriria o colo das meninas. Se ela se interessava pelos babados que faziam com que as meninas parecessem um bolo de festa? Nem. As meninas ficavam como o bolo que ela via na padaria da esquina que ficava sempre cheia de gente gulosa e chique. 
A mãe da menina dizia que para aquela padaria iam as pessoas mais ricas da cidade. “Aqui, a bola do sorvete custa o mesmo que um pacote de arroz de cinco quilos do bom”. 
Dizia sua mãe que nunca pudera comprar um pacote de arroz do bom. Aliás, com a evolução da enfermidade do pai da menina, comiam do que o padre mandava. 
O padre era gente muito boa que se preocupava com os seus paroquianos pobres. Ele juntava as migalhas que os paroquianos ricos deixavam na casa paroquial para doação a fim de terem suas culpas aliviadas e arrumava cestas de alimentos com a ajuda da dona Cida, senhora muito devota e caridosa que sempre esteve ao lado do padre desde que para ali ele chegou, quando ainda bem moço, recém saído do seminário. Em meio a conversas sérias e a fofocas, ele e a dona Cida organizavam com capricho as cestas de alimentos. Tomavam o cuidado para que todos tivessem os mesmos alimentos e o mesmo tanto de cada um deles. “Repartir, dona Cida. Repartir é o segredo. Jesus alimentou uma multidão com cinco pães e dois peixes. E é preciso ser justo”. 
A menina que não tinha sapatos decentes como merecia, não ligava para os vestidos e nem para os sorvetes e doces da rica padaria. Mas achava um absurdo uma bola de sorvete custar o mesmo tanto que um saco com cinco quilos de arroz. O sorvete acabaria num minuto. O saco de arroz, bem regrado, duraria vários dias. A menina que não tinha sapatos, tinha muitos pensamentos. E pensava que não compreendia muitas coisas... 
O tempo passou para todos como deve passar. E o pai da menina morreu. E a morte do pai trouxe tristeza, mas também alegria. E os pensamentos da menina pensaram que essa vida é muito esquisita... Com a morte do pai, as despesas com remédios acabaram. E, como não havia mais o pai para inspirar cuidados, a mãe pode trabalhar. “Vamos ter dois salários: a pensão do seu pai e o meu.” Disse a mãe. Assim que a mãe da menina recebeu a primeira pensão do marido, ela que sabia que sua filha sonhava em ter sapatos decentes como ela merecia, a levou a uma sapataria. O sapato escolhido foi comprado em prestações. Era vermelho e de verniz. Os pés da menina doíam um pouco quando estavam calçados com eles. Mas aos domingos na missa, sentia-se como a princesa do sapato de vidro. A menina também ganhou vestidos. A mãe guardou o primeiro sapato decente que a menina teve. E a menina, mulher charmosa que se fez, tem sempre um par de sapatos novos vermelhos na sua sapateira.



3 de novembro de 2012

Cachinhos de Ouro


Era uma vez... uma menina chamada Cachinhos de Ouro. Ela gostava de passear pela floresta nas manhãs de primavera. Numa dessas manhãs, ela ia andando, andando, andando, quando avistou lá longe uma casinha. Curiosa, apressou o passo e logo, logo chegou bem perto.
Cachinhos de Ouro ficou encantada com a formosura da casa. Mas nunca imaginaria que ali moravam o Senhor Urso, a Dona Ursa e o filhote do casal, o Ursinho.
Cachinhos de Ouro, ao ver que a casa estava fechada, espiou pela janela e viu que não havia ninguém. Deu uma volta ao redor da casa e nada, ninguém... Então, ela teve a certeza de que os donos daquela casa tinham saído.
Mas ela não queria voltar pra casa sem ver o que havia dentro daquela casinha. E com um forte empurrão, conseguiu abrir a porta e entrou. Na sala havia uma mesa com três pratros cheios de sopa. A menina, que estava com muita fome, sentou-se e rapidinho tomou a sopa.
Em seguida, ela sentou na cadeira do senhor Urso; depois, na cadeira do Dona Ursa e, por fim, na cadeirinha do Ursinho, que era a mais bonitinha e muito gostosa de se sentar. Logo que ela sentou, ela começou a se espreguiçar. Ah! Ah! Foi quando a cadeirinha... ploft... quebrou, e a menina foi ao chão.
Daí, Cachinhos de Ouro foi até o quarto e lá viu três camas. Deitou na cama do senhor Urso, depois na cama de Dona Ursa. E a caminha do Ursinho, assim como a cadeirinha, parecia a mais gostosa de todas pra se dormir. Não parou para pensar. Deitou-se nela e acabou dormindo suavemente.
A família Urso, que despreocupada passeava pela floresta, resolveu voltar. Ao chegarem, logo perceberam que alguém tinha tomado a sopa toda. Aí o Ursinho exclamou:
- Alguém tomou a minha sopa!
Viram depois que alguém tinha sentado em todas as cadeiras da casa. E imediatamente o Ursinho berrou:
- Minha cadeirinha está quebrada!
Os três olharam muito espantados e foram juntos para o quarto pra ver se alguma coisa tinha acontecido ali também. E o Ursinho gritou logo:
- Tem alguém dormindo na minha caminha!
Com os gritos do Ursinho, Cachinhos de Ouro acordou muito assustada... porque se viu frente a frente com toda a família Urso. Então, ela pulou da cama e, muito envergonhada, pediu desculpas e saiu correndo pra casa  Desse dia em diante Cachinhos de Ouro aprendeu que não se deve fugir de casa e meter-se na casa alheia.