[Valid Atom 1.0] [Valid Atom 1.0] O Mundo Mágico da Fantasia Contos Infantis: setembro 2013

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17 de setembro de 2013

O PRIMEIRO IMPULSO - Autor persa anônimo


Tooriri era um cidadão rico de Bagdá, universalmente famoso por suas virtudes. Não se limitava a assistir aos pobres a ponto de, em vez de levar uma existência das mais luxuosas, viver apenas confortavelmente; escutava com a mais delicada paciência as queixas de todos os sofredores que o procuravam, consolava‑os com palavras carinhosas e ajudava‑os de todas as maneiras possíveis.
Suportava com resignação as mil e uma pequenas misérias que constituem a maior parte da vida humana. Tolerante em alto grau, não se aborrecia se os outros não lhe partilhavam as opiniões — virtude difícil e rara, pois o desejo secreto de cada homem é que o resto da humanidade lhe seja inferior e, ao mesmo tempo, semelhante.
Casado com uma megera, mantinha‑se‑lhe fiel, perdoava‑lhe o mau gênio, e jamais a fazia sentir que não era nem moça nem bonita. Prosador e poeta, regozijava‑se com o êxito dos rivais e manifestava‑lhes benevolência e amizade em expressões corteses e sinceras.
Numa palavra, sua vida era toda caridade, gentileza, lealdade e altruísmo, e consideravam‑no, ao mesmo tempo, um santo e um perfeito cavalheiro.
Ao seu semblante, porém, faltava a serenidade que por via de regra caracteriza as feições de um santo. Parecia o de uma pessoa agitada por paixões violentas ou roída de secreta angústia. Não raro o viam estacar e baixar os olhos para recobrar o domínio de si mesmo e impedir que lhe adivinhassem os pensamentos. Mas ninguém prestava a isso a menor atenção.
Não longe de Bagdá vivia um eremita por nome Maitreya, autor de numerosos milagres, cuja morada era objeto da veneração de muitos peregrinos. Tendo‑se posto acima das contingências do comum da humanidade, Maitreya conservava‑se em tamanha imobilidade que as andorinhas vinham a construíam ninhos em seus ombros. A barba, espessa como a cauda das vacas sagradas, chegava‑lhe à cintura, e o seu corpo semelhava um tronco de árvore. Vivia assim desde uns noventa anos, pois era este o seu ideal.
Certo dia um peregrino disse na sua presença:
— Tooriri, de tão bom, parece uma encarnação de Ormuzd. Sem dúvida todo o sofrimento desapareceria da face da Terra se um homem destes pudesse fazer tudo quanto quisesse.
Ainda mais rígida se fez a imobilidade de Maitreya. Evidentemente o santo homem entrara em comunicação direta com o próprio Ormuzd. Depois de pensar uns instantes, respondeu ao peregrino:
— Não me é possível alcançar que Ormuzd conceda a Tooriri o poder de realizar todos os seus desejos, pois assim ele se tornaria um deus. No entanto, Ormuzd, em sua bondade, permite que, de amanhã por diante, o primeiro impulso deste santo homem, em todas as circunstâncias de sua vida, se transforme em realidade.

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